quinta-feira, 9 de outubro de 2008

All that shimmers in the world

Uma noite perdida na cidade...

Visão dele
Como todo domingo qualquer, lá estava eu vendo o meu time europeu de futebol favorito jogar, quando sai do escritório o meu velho, com uma cara sorridente e me passa o telefone. Era uma amiga dele, que eu já conhecia cuja festa de aniversário tinha presenciado na noite anterior. "A minha sobrinha vai sair hoje à noite e ela disse que caso você queira ir dar uma volta pra você ligar pra ela".
Havia a conhecido vagamente na noite passada, na mesma festa. Trocamos um "Oi e Tchau", no máximo. Por isso até fiquei surpreso com essa ligação. Mas, eu anotei o número e com certeza eu iria ligar quando a hora certa chegasse. A hora certa pra mim talvez não seja para algumas pessoas, como por exemplo, para o meu velho pai: "Liga aí, filho", "Pai, eu vou ligar, relaxa!", "Mas liga, não vai fazer desfeita".
O meu pai já tinha comentado sobre "a tal sobrinha". Diz ai quem nunca passou por essa antes "Filho hoje eu vou te apresentar a filha de uma amiga minha...". Eu não sei se me animaria ou se pensaria "Putz! Mais uma pra ficar aturando".
Enfim, eu ia ligar, eu ia, mesmo porque pelo pouco que eu conheci dela, foi o suficiente pra reconhecer alguma personalizada. Diferente de algumas outras que a gente cruza por ai. Mas eu só iria ligar no momento que meu pai parasse de me encher as paciências.
Obviamente eu fiquei matutando o dia inteiro: "Porque que mesmo a menina me conhecendo por meros 10 minutos iria estender um convite pra sair?". Tirando o fato que eu sou novo na cidade e não conheço quase ninguém explicaria: ela estava sendo gentil em me levar pra sair. Claro na cabeça de todo o homem quando uma garota o convida para sair é que ai tem coisa.
Consciência 1: Cara, vai lá meu, qualé? Ta com medo de quê? O que você vai perder indo? Se não curtir não precisa ir de novo, ué...
Consciência 2: Olha lá o que você vai fazer, hein. Do jeito que você é meio mulherengo ainda vai acabar querendo ficar com essa menina, porque eu sei que na tua cabeça aí você tá achando que ela tá a fim de ti. Pô, pior que eu to achando mesmo. Prepotência do caralho né?
Feita a ligação, eu fui me arrumar, e ainda por cima me atrasei, gafe! Entrando no carro estava ela e mais uma amiga. Elas deixaram escolher pra onde eu queria ir, mas acho que elas esqueceram que eu não sei nada da cidade. Fomos parar num lugar onde tocava reggae.
Com certeza ela achava que eu não estava curtindo, que não estava gostando do lugar. Mal ela sabia que eu tava ali tentando curtir o som dos caras e conversar com ela sabe deus o quê. A amiga dela se arranjou com um rapaz, e ficamos ali. Fomos conversando e cada minuto algo diferente.
Mas com certeza essa não é a parte da historia que vocês querem saber. Com certeza devem estar pensando, "Qual consciência ele escutou afinal"?
Foi quando ELA me tirou pra dançar. Que vergonha, nem pra você tomar a iniciativa! Aí mano, quando o corpo a corpo entra em cena e o calor humano bate, a coisa desanda! O "velho eu" ali começou a querer surgir do além pra soltar aquelas frase de efeito pra mais uma vez voltar à guerra da "azaração". Mas não. Eu fui forte! E olha que meu pai tinha razão em querer me apresentar ela (Sorry velho! Na próxima eu te escuto melhor).
Em outras épocas eu pagaria o preço! All in mate!!! Dessa vez, eu pedi o fold!
E não é que eu descobri uma pessoa totalmente diferente do que estou acostumado? Conversando dias mais tarde com ela descobri que muitas das opiniões delas têm a ver com as minhas. E que os gostos pessoais refletiam um pessoa com "cheiro de personalidade" que eu tinha sentido naquele primeiro dia. Só que daquela vez ela era mais uma na festa, hoje não!
Espero que ela não tenha me achado muito estranho a ponto de não querer sair comigo mais. Porque, realmente, tirando por aquele dia, nem eu sairia mais comigo mesmo.
Eu espero que ela possa me chamar pra dançar mais uma vez, pra daí eu poder decidir melhor quais das consciências escutar. Sem querer me enfiei de novo na velha guerra. Minha preocupação é acabar fazendo besteira e arruinar algo que nem começou. Ou quem sabe não?!


Visão dela
Um dia aí, houve um jantar pelo aniversário da minha mãe e da minha tia, mas como eu tinha que ir trabalhar, só chegaria no final de festa. Depois de uma noite completamente estressante, que eu pensei que não fosse acabar, cheguei em casa. Cansada, suja e descabelada.
Trocentos e cinquenta e dois parentes pra dar 'Oi' e eu só queria lavar a mão, comer alguma coisa. Quando eu olho pro sofá e vejo uma cara desconhecida. Passei direto pro meu quarto pra deixar as minhas coisas e lá vem minha tia, a aniversariante, com um sorriso de que tinha aprontado alguma. Já fiquei com medo.
E ela tinha mesmo. Segundo minha querida tia, aquela cara que eu não conhecia e que estava sentado no sofá da minha sala, estava lá pra me conhecer. Como é que é? Quase caio da cadeira. Não dei muita trela pra ela e continuei fazendo minhas coisas. Quando ela insistiu, eu vi que a coisa tava feia pro meu lado, e fui enfrentar a fera. "Oi, tudo bom?". Até que não foi tão mal, e ele pareceu ser legal. Agora eu ia comer.
Toca pra cozinha, converso com os primos, lá vem a tia de novo, senti que não ia ter paz aquela noite. Me levou pra me despedir da cara desconhecida. Olhando de perto, uma cara bonita, devo dizer.
Quando todo mundo já tinha ido embora, a tia, que ficou pra dormir em casa, chegou novamente. E me contou que o moço da cara bonita era novo na cidade, não conhecia ninguém e que ela resolveu me apresentar, porque ambos queriamos viajar, eramos extrovertidos, e eu seria uma boa companhia.
Tá, eu fiquei com peso na consciência. Custava eu ter sido mais educada? Então, tia, liga pro pai do moço, dá meu telefone, que amanhã eu vou sair com uma amiga, se ele quiser, a gente leva ele.
No outro dia, quando entro no carro, pra pegar uma carona com a minha mãe, ela pergunta: 'falou pra tua tia ligar pro pai do moço?'. Já tinha até esquecido. Comecei a achar que era complô.
Trabalho, estresse, saída! Amiga e eu fomos pro bar, e eu contei pra ela esse fato, mas como tava meio tarde, achei que o moço não tinha ido com a minha cara e resolveu não ligar.
Enfim, já indo pra casa, meu celular toca. Número que eu não conheço, imaginei ser o moço, e era. Então, Amiga, a noite não acabou. Ela quis me bater, mas como tava meio estressada com uma outra história, me acompanhou.
Fomos buscar o moço e ele se atrasou, mau sinal. Chegou, apresentei e perguntamos pra onde ele queria ir. Não era o mesmo lugar que queríamos, mas ele era convidado, então tinha prioridade.
Chegando lá, mal estamos nos habituando, a Amiga me larga pra encontrar um... ern.. amigo! Que lindo, e agora? Que que eu falo? Socorro!
Fiquei com cara de parede. Mas vamos lá, nunca fui de ser tímida [nesse caso, vai saber porque, eu estava], do que tu gostas, o que tu fazes. Chegava uma hora que esse papo batido acabava e eu não sabia o que falar. Mas gostei da conversa, alguém com opinião, graças à Deus!
O moço continuava com aquela cara indecifrável. Vou chamar ele pra dançar. Não vou não. Vou sim. Acho melhor não. Ah, que saber, vou chamar sim. E nossa! o moço dança bem. Pena que o mesmo não possa se dizer de mim. Ahh, a música acabou.
Outra música, será que ele vai me convidar dessa vez? Pelo jeito não. Acho que ele não foi com a minha cara. É, então vou lá eu. Dançamos mais, hora de ir embora. É, acabou a noite.
O moço é legal. Fiquei feliz de te-lo conhecido, ainda que fosse desse modo, totalmente Oriente Médio, onde quase anunciam o meu preço em camelos. Espero que possamos sair de novo. Só não sei se vai ser possível, não vi ele com uma cara de quem tinha gostado muito. Vai ver não gostou deu tê-lo chamado pra dançar. Porque eu fui fazer isso? Ahhh, não sou de me arrepender, então, se sairmos de novo, chamo outra vez. Será que ele vai topar? Veremos.

Conclusão?
Parem para imaginar o Pai e a Tia, planejando o próximo passo do plano infalível deles “úúháháhÁhÁ... (eco)”.
Eles nem tem idéia de que os dois “desvendaram” a falcatrua. Falcatrua que no fim das contas teve o objetivo alcançado. Afinal os dois saíram né? E bons frutos irão sair desse encontro, sem dúvida. Pode-se dizer que o rumo dessa armação a lá novela das 8 é incerto. Um passarinho bateu na minha janela e disse que eles andam conversando bastante, trocando idéias sobre diversos, e dando algumas risadas. Vocês perceberam que ambos sacaram o que estava rolando? Da trama?
Mas no final isso virou somente motivo de risada. O que aconteceu mesmo foi que, depois das “estranhices” que aconteceram antes e depois do encontro, ficou a amizade. Que aos poucos está se construindo. Aos poucos eles vão se conhecendo. Coisa que hoje em dia pouco acontece. Ta mais pra atirar (BAM) pra depois interrogar.
É bacana ver as coisas acontecerem à moda antiga. Alguém aqui já vivenciou o tal namoro de portão?
A família oferece a moça por alguns camelos e o patriarca querendo dar um rumo na vida do filho aceita o preço. Só que não querendo a interferência do pai na história, vai até onde os camelos foram entregues pra dar um jeito neles. Na cabeça dele se passava “se eu quebrar a perna de um, aleijar o outro com certeza serão devolvidos e daí me livro dessa”. Só que ele não contava encontrar com a sua pretendente acariciando os pobres futuros aleijadinhos...
No final desse capítulo o rapaz volta pra casa sem ferir aqueles animais, e pensando que talvez algumas vezes a gente precisa de alguém pra tomar conta da gente, pra nos fazer enxergar alguns caminhos, quando nós muitas vezes não enxergamos. Ficar sempre aberto a um conselho, uma ajuda, seja de um pai de uma mãe, de um amigo ou até mesmo ex é uma vitória pessoal, principalmente quando nos falam “a verdade que não quer se escutada”.
Tramóias como essa sempre acontecem, algumas para o bem, outras para o mal. E o que muitas vezes parece errado acaba sendo certo e vice-versa.
Imagina se os dois tivessem se sentido violados e decidissem não entrar na onda do pai e da tia? Provavelmente estariam hoje se sentido donos dos seus destinos. Mas uma dosagem um pouco menor de orgulho trouxe para a vida de ambos algumas gargalhadas a mais nessa vida tão batida.

(Filipe & Taynar)

* Um grande beijo pro Filipe, que me deixou publicar o texto dele e que me inspirou para que eu escrevesse o meu!

28 comentários:

Sargento Peixoto - O Monge disse...

I'm happy for you.

Anônimo disse...

Ah, texto perfeito! Pra variar neh moça? Diferente, divertido, ousado! :)

Adorei a parceria!!!

Beijos!
Xu

Anônimo disse...

Tá, mas agora admite: algumas gargalhadas? Não vai ficar só nisso neh? Essa parceria está fluindo muito bem até aqui no Blog! Hahaha!

Tudo bem, vou parar de te colocar na parede hehehe! Mas depois a gente conversa!!!

Beijos!
Xu

Cirilo Veloso Moraes disse...

Hum...

Sargento Peixoto - O Monge disse...

Meu fim de semana já foi pro inferno.
Agora é esperar até terça.
A música tá combinando com o dia.

All Nightmare Long.

Eu quero gritar, sair correndo e sumir, quero bater, fazer sangrar e não é só inspiração de uma história.

Acho que poucas vezes senti tanto ódio na vida. Acho que nunca tinha sentigo o gosto do sangue na garganta só por raiva.

Sargento Peixoto - O Monge disse...

Porque esse fim de semana é dia das crianças e eu não vou poder ver meu filho...

Sargento Peixoto - O Monge disse...

Ela tá viajando agora a tarde, eu não tenho como ir...

Sargento Peixoto - O Monge disse...

Tô sem chão aqui, tudo tá me irritando. Eu tava feliz, tava aqui contigo que é especial pra mim, tô com o presente dele em cima da minha mesa, café.

Aí vêm mensagem no cel, telefone desligado quando retorno.

Minha vontade é de quebrar tudo aqui.

Sargento Peixoto - O Monge disse...

Deu pra entender de onde saiu tanto ódio?

Sargento Peixoto - O Monge disse...

Eu estou e meu caboclo é um bicho ruim da porra.

Tô bufando que nego aqui no trabalho num tá chegando perto da minha mesa.

Sargento Peixoto - O Monge disse...

Sabe, eu tava feliz demais, era coisa boa demais. Tinha que ter uma pedrinha, sempre têm daquelas que acerta bem na meleca do dedinho só pra te lembrar que você ainda sente dor.

Sargento Peixoto - O Monge disse...

Eu preciso sair, preciso de um cigarro e uma cerveja, trabalho que se dane.

Eu volto para me despedir.

Blogueira Master disse...

Belo dueto!!!!!!! :)))

Murillo Leal disse...

huahua

muto divertido de ler!

http://murilloleal.blogspot.com/

Sargento Peixoto - O Monge disse...

Agora o dia se foi e é hora de se despedir.

Beijos minha querida, espero não ficar muito tempo sem conseguir falar contigo.

Certos habitos que criamos me fazem falta.

Anônimo disse...

maaaaaaaaaaaaaaaaaaassa!!!!!!!!!

já gostei dele :D

Anônimo disse...

Ai tá lindooo!
essas falcatruas são bóoootemas!
vai continuara história né?! hum!

parabéns pelo post!!!

Bjss

Tia do Café disse...

Adorei o post, Taynar!!!

Vim aqui pra ler (e adorar)o blog e pra agradecer por passar lá no frapê! Vc com certeza salvou meu dia! hauhauahauahuahau

mas e aí? Tomou o mojito?! É mto bom né?! Dá até água na boca pensar no tal! rsrs

Bom, mais uma vez, adorei o post, é engraçado (adorei a discussão de "egos", me encontrei ali!), e olha, amei a parceria! É mto bom quando encontramos alguém que nos dá um up assim!

beijos e um ótimo fim de semana!!!!

Vamos pedir download de idéias!

Unknown disse...

HAUAHUAHAUH!

que divertido isso. Comigo sempre foi ao contrário: mamãe me mantinha o mais afastado possível dos filhos das amigas e dos alunos dela pra que eu não caisse em tentação!

^^

beijos, guria!

o que me vier à real gana disse...

Quem me dera ser eu o parceiro!
P.S. fui bué ousado agora! Desculpe, por favor!
Estão perfeitos, os textos...
Parceirem, k dá frutos!

Se puderem, o mesmo repetitivo apelo, espreitem o "real gana" e comentem o novo post, tá?

Bjs pr'a você k é, eh pá, desculpem, por favor, linda... muito! Se o parceiro é seu namorado, perdão, tá?

Zunnnn disse...

Rs..
A vida tem desses episodios.
ja vivi algo bem parecido e no final foi mais esquisito ainda..rs

rs e to sentindo um clima no pedaço.
mas se o cara entra aqui e ve esse tanto de cara te chamando pra dançar...rs sei no que dá nao, viu?
rs

isso ai dona do blog.

abraço

Sargento Peixoto - O Monge disse...

Se eu não fosse tão convencido teria ficado com ciúme das últimas coisas.

Beijos futura esposa, acabei de chegar em casa, eu fui ontem até a casa do caralho só pra ver meu filho, tô mais calmo hoje.

Tânia N. disse...

Uau! que bom, né?
Beijocas,

Tyr Quentalë disse...

Rsrsrs realmente foi bem interessante como tudo se desenrolou. Deu para dar umas boas risadas.

Anônimo disse...

algo me diz que aquele ultimo email deve ser levado a serio :))))


feliz cirio!

Jaqueline Lima disse...

Ahhh!
Mas família sempre tem um pouco de razão. porque pro bem . ou pro mal. ninguém quer te ver fora de sintonia. todo mundo torce pra que dê certo. não sei se é só meu caso. mas minha família. influi em muito no meu destino. quando dizem que algo não é bom. sempre acaba dando errado...

pois é!

Beijo!!!

Aline T.H. disse...

As armações casamenteiras são sempre as mais toscas e irritantes... Mas como você disse, delas podem sair coisas muito legais, mesmo que raramente. E vocês tiveram essa felicidade, yay!!

Beijocas, nêga. E agarra logo o moçoilo, hahahahha

Anônimo disse...

Belo texto, me diverti, embora "a familia metendo a colher" me assuste.

Beijão!