quinta-feira, 3 de julho de 2008

How much difference does it make?

Queria aprender essa difícil arte do despreendimento.
Queria ser dessas pessoas que conseguem fingir que as coisas não acontecem.
Queria ainda mais ser daquelas que não gritam quando algo não está de acordo.

É, eu sou dessas que gritam. 'Eu sou um dragão de pelo, eu cuspo fogo, não me escondam o jogo ou berro no ato'.

Queria ser aquele tipo de pessoa que não se importa, sabe?
Completamente indiferente.
Conseguir colocar fatos, fotos e até pessoa no fundo mais escondido da minha memória. E deixa lá atééééééééé... que o mundo não fosse mais mundo, e pessoas fossem coisas muito mais subjetivas, do que já são.
Que maravilha seria.

Fico pensando...
Acho que a maioria das pessoas conhece a fábula do passarinho, que tentava apagar o fogo da floresta, e os outros bichos diziam que ele não ia conseguir, aí ele retrucava que pelo menos ele tava fazendo a parte dele, e blá blá blá?
Nessas horas, eu me pergunto, o passarinho não cansou uma hora não?
Tenho certeza que sim...!
Tenho certeza que depois de algumas horas lá, se matando, se esbaforindo, ele deve ter pensado: “Mas que diabos, porquê só EU me importo, enquanto têm leão, jaguatirica, macaco, onça, e mais um monte de bicho que também vive aqui e já se mandou? Porque eu tô lutando sozinho?”
A não ser que o passarinho tenha um nível de evolução tão grande que eu não chegue a sequer compreendê-lo (e que nesse rol eu listo a Madre Tereza, Jesus, a minha avó, e mais alguns seres realmente iluminados), eu tenho certeza que uma hora ele cansou.

Agora, fiquei pensando...
Será que ele morreu tentando?
Nossa...
Ai já abre todo um outro leque de questões, mas vou me atear no que vim escrever, e deixar as elocubrações pra depois, senão eu piro.

Tô cansada de tentar salvar uma floresta sozinha.
Tô cansada de berrar, mostrando o que tá errado, e ainda assim, não mudar grande coisa.
Tô cansada de ser deixada de lado, de ter que esperar, esperar que as pessoas arrumem tempo, esperar que elas notem, esperar que compreendam que o descaso magoa.

Não sou o tipo de pessoa que consegue esquecer, fingir que não aconteceu.
Talvez seja um defeito crasso.
Talvez eu devesse ser daquele tipo: Magoou, pediu perdão, perdoou, seguiu em frente na mesma hora.
Tô mais naquele estágio do: Magoou, pediu perdão, perdoou, mas ainda segura o braço que apanhou, porque uma roxura não desaparece com palavras.
Qualquer lesão deixa marcas, algumas desaparecem com o tempo, outras num piscar de olhos.
Não sei se sou sensível demais, dramática demais, ou até, quem sabe, chata demais, mas essas lesões rápidas nunca acontecem com pessoas com as quais me importo.
Sempre é a mais doída, a que mais demora pra sarar.
E, na maioria das vezes, eu não me importo em te que sarar, porque eu sei que saro. Até que chega o momento em que eu canso e não brigo mais.
Tenho um ex namorado com quem sempre brigava sempre. Porque ele sempre aprontava.
Um dia, ele perdeu um pingente meu, que eu tinha dado pra ele usar.
Ele ficou completamente descompensado, achando que, no mínimo, eu iria matá-lo.
Que nada, tava tão cansada, que pra total surpresa dele, a única coisa que consegui dizer foi “Que se pode fazer, né?”. Fui tão indiferente (não por caso pensado, e sim por instinto), que ele me disse que preferia mil vezes os meus berros.

Eu demoro pra chegar no estágio de não brigar mais...
Demoro pra párar de me importar.
Mas quando chego nesse limite, a volta é quase impossível.
Digo quase, porque já aconteceu uma vez.
UMA vezinha só.
Mas levou dois anos pra sarar tudo.
Hoje sou capaz e tenho ombro pra suportar e dizer que valeu a pena.
Coisa que eu não sei se agora tá valendo a pena.

Ahhh, eu sei, as pessoas valem a pena, e blá blá blá, todo aquele papo demagogo, chato e ainda por cima, muito otimista-fantasioso pro meu gosto.

As pessoas valem a pena.
As atitudes às vezes que não.
Às vezes a melhor opção é tirar o exército de campo.
Teus soldados tão cansados, estás quase sem munição, a roupa já tá tão maltrapilha que não esquenta mais. E por fim, a comida tá no fim.

Agora?
Tô só jogando a minha toalha, e deixando esse assento vago...
O cargo é de quem se dispor.

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