segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Ne me quitte pas

Num píer qualquer, uma noite sem estrelas, e um rio de margens coloridas:
- Porquê tu és assim?
- Aff, odeio esse tipo de pergunta. Quer coisa mais chata que isso? Sou porquê sou.
- Mas nem tem porquê. O tempo todo tensa.
- Eu sou assim. Não consigo ser de outra forma. Pareço ligada numa eterna tomada, então relaxar, ficar calma são oxímoros à minha existência. É sério. Esse papo de não-pensar é algo que eu acho que nunca vou aprender a fazer.
- Mas não tem porquê. Olha pra mim. Olha nos olhos. Mas fica séria - Já com um pouco de raiva.
- Eu tô olhando! - Rindo.
- É sério -
- Tá bom - Meio centígrado mais séria.
- Eu não quero nada. Só que tu não fiques tão armada, tão tensa. Não tem porquê. Tu sabes disso. Eu não vou te machucar, e tu sabes que estou sendo sincero. Então, não me afasta.
- Eu vou tentar.
- É sério.
- Táááááá, já sei. Vamos sair daqui. Eu vou acabar caindo nessa água.
- Não vai.
- Tu sabes como eu sou. Desastrada, portanto...
- Eu não vou deixar. Me dá a tua mão.

Ela não caiu, ficou na ponta do pé e o beijou calmamente.
Agora se iria durar, quem pode ou quer saber? O cenário é de história romântica, mas a vida é real.
Tão mais interessante.

2 comentários:

M.M. disse...

Sei bem como é isso. Você bem poderia estar contando a minha história: o pensar constante e incessante, o medo de confiar, de se soltar... e eu ainda sou o desastre em pessoa.
Que bom que achou alguém que conseguiu te entender e te fazer sentir segura!
Lindo texto!
Bom final de semana,
Beijos

Ivan disse...

Eu ensaiei uma resposta a vida toda para responder àquele\a que me perguntar porque sou assim.
Até hoje ninguém perguntou. :-/

Ivan.