segunda-feira, 8 de março de 2010

Quiet times

Fico encantada com as singularidades que acontecem na vida por vezes.
Os pequenos detalhes, os breves momentos, os casos particulares em que o mundo parece rodar todos os graus possíveis, e tu voltas ao mesmo lugar, só que diferente (subir, mesas...).
Eu estava tendo uma noite particularmente ruim há um tempo atrás. Não trágica ou algo assim, só estava cansada de situações que não cabiam a mim resolver, mas que me envolviam e me puxavam pra baixo.
Me sentindo sozinha. Ainda que houvesse alguém do meu lado, percebi que, às vezes, as pessoas nas quais encostas o teu ombro são as que menos estão/querem estar presentes, de modo estás sozinha na mesma.
Virei para o outro lado, olhei pela janela, mas já não se distinguia nada da paisagem na noite, então comecei a chorar, silenciosamente.
O trem parou numa estação e um casal de adolescentes entrou, fazendo estardalhaço. Deviam ter uns 15 anos.
O menino ficava tentando chamar atenção da garota, com beijos, abraços, e ela uma cara emburrada, que a fazia parecer ter 5 anos de idade. O que quer que ele tivesse feito, ela fazia questão que ele percebesse que não tinha gostado.
Do nada, a menina começa a fazer caretas. Na minha direção.
No primeiro instante, eu não liguei muito. Eu consigo ser bem drama queen certas horas.
Além do que, podia não ser comigo.
Mas aí ela continuou. Mandava língua, puxava os olhos, torcia a boca, e me olhava.
Era pra mim!
Eu achei aquilo tão absurdo que parei de chorar. Será que aquela garota tava me confundindo com alguém?
Depois comecei a achar divertido.
Por fim, eu comecei a sorrir.
Aqueles gestos eram tão sem sentido, tão absurdos, mas tão espontâneos.
Uma garota que nunca tinha me visto na vida não se importava em fazer papel de tola, desde que fizesse uma desconhecida parar de chorar e rir.
Quantas vezes as pessoas teriam coragem de fazer algo assim? Quantas vezes eu fiz? Tu fizeste?
O trem parou, e o casal (eu não sei o que o garoto disse, mas finalmente a menina pareceu ter perdoado qualquer falta) desceu, me deixando um pouco triste novamente por ter perdido aquela companhia.
Mas como se fosse pra me lembrar de algo que ela tinha certeza de que eu iria esquecer, ela bateu com a mão no vidro, chamando minha atenção novamente, e sorrindo pra mim.
O estranho do meu lado perguntou se eu a conhecia.
Eu disse que não, mas aquilo realmente não importava.
Eu não estava mais chorando. E ela sabia disso.

6 comentários:

Anônimo disse...

É verdade. Quantas vezes eu fiz isso ou tu fizeste? E ela só tinha 15 anos....

Nanda Nascimento disse...

Estes pequenos atos que acontecem no nosso cotidano, e que muita das vezes passam despercebidos.
Que bom que você valorizou a atitude.
Saudades de ti.

Beijos e flores!

Viviane de Campos disse...

espontaneidade!!! muito legal...

Jhennifer Cavassola disse...

Olá! Como vai?

Hoje estou passando pra pedir apoio pra Maroca ficar.
Deixem a Maroca, não peço só como amiga, mas como fã do BBB.

Desde já agradeço BRASIL!!!

Me faça uma visitinha, saudades...

Blog cada vez melhor, parabéns!
Beijos

Mia disse...

De vez em quando venho aqui, dou uma lida, me delicio e hoje que tive coragem de deixar recadinho e mandar um beijinho.
Adoro seu blog.

Sisa disse...

Queria comentar, mas não acho as palavras. Imaginei a cena, achei fofo, mas o que queria mesmo dizer não consigo achar as palavras. Lembrei de algumas cenas da minha vida com fragmentos que encaixariam na sua história, vieram sensações boas ;o)

Enfim, anjos existem. Nem precisam ter asas e aoréolas!