- Eu nunca mais quero te ver! - E saía batendo a porta, para voltar dois minutos mais tarde, com a mesma fúria transformada em necessidade.
Sempre tinha sido assim.
Mesmo no começo, naquele primeiro dia, enquanto ele tentava chamar-lhe a atenção, e ela dizia que ele podia ser um psicopata.
Foram ficando juntos, num encaixe singular: se davam perfeitamente bem em minutos, para discutir depois por horas. Inclusive nas viagens. Cada novo ponto turístico, uma nova briga. Na Eiffel, foi por causa da água que molhou o croissant, No Coliseu, porque ela não gostou do modo que ele olhou pra atendente. Na Plaza Mayor, porque ele estava achando o calor escaldante.
Mas quando chegavam no quarto, qualquer briga sumia, qualquer hiato daquele sentimento evaporava. Só a sensação de que eles viviam num mundo a parte e o resto era tão insignificante, que nem precisava ser esquecido: já estava apagado.
Sempre chocando-se, para o bem e a sua outra face.
Ela achava que era por causa dos gênios idênticos, contando que nunca tinha conhecido alguém com personalidade tão igual à sua. Ele dizia que ela era só muito brigona. E assim iam.
Até o dia em que os hiatos dos bons sentimentos começaram a ser maiores, os bons momentos mais raros, os beijos mais corridos, e os gênios mais cortantes. Decidiram se separar, antes que, apesar de todas as brigas, aquilo não significasse mais nada, pois sabiam que ali havia muito.
E o tempo passou, às vezes, como dois pra lá e dois para cá. Ela se perguntando, eventualmente, onde tinha ido parar aquele par de olhos claros, e ele indagando, sorrateiramente, as amigas se ela andava feliz.
Até que um dia se encontraram. Na verdade, ela o procurou, e ele lembrou do tempo juntos. E das boas lembranças, começaram a surgir as nem tão boas, e em minutos, já estavam discutindo. O engraçado era que parando pra pensar, eles não lembraram os motivos das discussões, só que sempre se chocavam. De repente, ele começou a rir alto, para a surpresa dela, que então começou a rir também.
Aquilo parecia roteiro de filme água-com-açúcar.
Mas eles sabiam.
Estavam destinados a chocarem-se sempre.
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14 comentários:
o choque pode ser bom às vezes...pode resolver algumas coisas...beeijos
Lembrei de uma música mais do que brega e tenho que compartilhar aqui: "entre tapas e beijos, é ódio, é desejo, é paixão, é ternura!".
Igualzinho...
ja tentou esquecer alguem e viu como era dificil, para log em seguida perceber que era impssivel esquecer os momentos bons apenas por raiva ou tristeza?
ja tentou esquecer alguem e viu como era dificil, para log em seguida perceber que era impssivel esquecer os momentos bons apenas por raiva ou tristeza?
Taynar, acho que vc foi a primeira pessoa que (aparentemente) entendeu direito meu post do Mathematics and Sex :)
Ei, linda! Qto tempo!
Então, não li ainda o texto do qual falou, mas vou procura-lo! ^^
Qto a esse post lindo, o q dizer a respeito de uma vida de choques?! Se for pensar, às vezes me sinto num carrinho bate-bate, sabe?! Estou sempre me chocando com o msm veiculo, e é tão dificil às vezes... Agora diz, precisa msm ser assim?!
já escrevi algo bem parecido com isso. mas obviamente, com um final milhões de vezes mais pessimista.
talvez eu prefira o seu nos dias felizes.
Adooooorei o post.
Tudo a ver com o espirito do nosso blog... "Casos" haha
Por isso criamos o blog "Sinceras e Apimentadas", ali nossas histórias e a e leitoras podem ajudar a entender certas coisas hehe
Dá uma passadinha no nosso blog.
http://www.sinceraseapimentadas.blogspot.com
Te esperamos por lá.
Beeijinhos, Nane.
já vi histórias assim.....
sempre vamos impor nossas idéias e nossos sentimentos...
tudo isso é natural do ser humano
bj
Lembrei de Vicky, Cristina, Barcelona, do Wood Allen. Já assistiu, Tay?
Lembrei ainda do Zeca Pagodinho e o samba "Sem-vergonha, somos um casal sem-vergonha" (se lhe apetecer, recomendo, ouça-a aqui: http://www.youtube.com/watch?v=ydbmMOnVRsw)
É por isso que quando o tesão acaba, é sinal que nada na relação mais resta.
Eu usualmente acharia este texto lindo de doer. Mas só achei de doer desta vez.
Mas como sempre, você escreve lindamente.
Beijos =)
oi
Perfeito seu texto, parabéns
espero sua visita ao meu Blog
http://paulo.de.zip.net/
Até o ovo que a confeiteira coloca no bolo d casamento vem do choque entre a casca e a mesa.
^^ choque é bom, mas bem destrutivo, é verdade!
beijos
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