domingo, 7 de junho de 2009

She goes down so hard she might never come back

Eu olho pro relógio e vejo quantos dias já se passaram, e quantas horas foram perdidas.
Eu conto e vejo que já se passou muito tempo, ao mesmo tempo em que tudo se alongou como um bicho cansado. Um segundo leva uma eternidade pra passar, mas um momento voa como se o tempo fosse uma brincadeira cruel.
Está acabando.
E é um fato engraçado de se analisar.
Nós que pensávamos que duraria eternamente. Aquele tipo de eternidade que a gente sempre sabe que acaba um dia, mas que esse dia é tão distante quanto o pensamento da nossa morte, ou da efemeridade das coisas boas.
Ou não boas, apenas distoantes das aquarelas de todos os dias.
E eu olho para esse tempo que passou e vejo que aconteceu tanta coisa, mais do que talvez tivesse que acontecer. Contudo, continuo me indagando se aproveitamos tudo que tinha para ser aproveitado. Todas as novidades irresistíveis, e por isso mesmo, as mais difíceis e perigosas de colher.
Antes o tempo se contava por onde tinha se tinha começado, como uma coleção de conchinhas de praia, onde cada uma era uma coisa especial, porque era uma adição valiosa para aquela coleção, uma novidade.
Agora tudo é como uma ampulheta, que vai derrubando areia em cima de nós, por mais que tentemos empurrar a areia de volta.
Os dias já não são novidades, eles são um acréscimo, uma mala a mais na nossa bagagem, que já está cheia com as novidades de outras temporadas.
Sabe como quando alguém querido está para partir, e começa a arrumar a mala? Ele tira uma peça da gaveta e coloca na mala, então vira-se para buscar outra peça, e nesse intevalo, aproveitamos pra tirar a peça, e esconder debaixo da cama. Ele arruma, e eu vou lá desarrumar.
Porque está acabando.
E por mais que digam-nos (tu, ele, ela, ou eu) que não está acabando, e sim, está em vias de começar um outro jogo, eu continuo pensando que está acabando.
Porque iremos embora com as conchas e a areia, recomeçar tudo de novo num outro lugar.
E eu ainda queria que a nossa coleção estive no início.
Eu sinto que ainda há muito tempo para ser gasto nisso.
Ainda faltam conchinhas na minha coleção.

15 comentários:

Paloma Flores disse...

Ah, nem sempre conseguimos apanhar todas as conchas que queremos. Não tem jeito, a vida não é do modo que sonhamos. O que é até bom. Às vezes, a vida consegue ser muito melhor do que qualquer sonho.
Veja como um 'está acabando', então.
E lide com isso, refaça-se.

Viviane de Campos disse...

taynar...
tudo gira...
tudo roda
uma hora vc vai arrumar as malas e alguém vai estar desarrumando
ah e as conchas.... as ondas... elas vão e vem

Ruberto Palazo disse...

É duro ver o tempo passar e o tempo das escolhas das conchas chegar... qual levar? quais deixar? ir ou nao ir? Uma contagem regressiva de numeros que desaparecem no ar como o tempo que ao invés de engatinhar, corre em disparada, contrariando todo nosso esforço para ele ir devagar...

Angustia? Dificil definir o sentimento nesses momentos...

Beijos

Jaqueline Lima disse...

o tempo. um agente decisivo da vida. infelizmente ninguém controla ele, num é mesmo?!

prefiro acreditar que o vento traz de volta, tudo o que o tempo leva!

Beijos!

Anônimo disse...

Sempre o tempo... e às vezes ele parece nos sufocar... e nem sempre é possivel conseguir tds as conchas...

saudades de tanto sentimento...

bjoo

Paulinha* disse...

concordo com a Vivi
um dia, quem fará as malas é você!!

Unknown disse...

Não se iluda, pois tudo sempre estará assim, transcorrendo e transformando. Em todos os sentidos. E não é que Gil cantou pra você uma vez? O tempo... Ele é rei e sempre transforma nossas formas de viver.

Unknown disse...

Não é engraçado quando percebemos que sempre dizemos que o tempo é pouco e que ainda faltam figurinhas para completar o album?

Acho que nunca chegaremos ao fim da coleção até mesmo para que mantenhamos a vontade de completar uma.

Talvez este seja o que dá sentido a vida: vermos o tempo acabando sem termos feito todas as coisas, ter vontade de completar o album...

O homem precisa de um "QUASE"

beijo!

carlos massari disse...

quando as pessoas se tornam só um acréscimo, é realmente hora de ir embora pra um novo lugar. por mais difícil que possa ser.

Paulo Tamburro disse...

Não se esqueça de mim.

Continuo no mesmo blog(rsrs)

Serei seu seguidor, pois seus textos realmente são ótimos!!!

Abração.

Anônimo disse...

Noossa, é muito bom qnd achamos coisas interessantes na net.
Estou impressionado com a qualidade do seu texto e do seu blog como um tudo.
Parabéns!
Descobri o seu "Diversas Idéias" por meio da "Coluna Fantasma" ( do meu brother Fernando).

Quando tiver um tempinho dá um pulinho no meu ainda engatinhando "Que história é essa?".

:)

Bjos.

Leonardo.

paulinho damascena disse...

O tempo é o senhor de tudo, mas não podemos parar para ficar apreciando o tempo. Como dizia Raul Seixas: "Ficar parado, com a boca escancarada cheia de dentes,esperando a morte chegar."

Adorei o texto e o Blog por inteiro, espero sua visita ao meu Blog

http://paulo.de.zip.net/

Fabio Fernandes disse...

Sabe que eu tava pensando exatamente nisso outro dia??? Me lembro que quando eu era bem pequeno os dias eram muito mais longos. Acho que isso se dava ao fato de, quando jovens, passarmos muito tempo aprendendo lições, catando as nossas conchinhas. O problema é que quando já tivemos a experiência, caso ela se repita não é mais aprendizado, passa então a ser rotina.

O macete é sempre aprender alguma coisa, isso alonga o seu dia, e aumenta a sua coleção de conchinhas...

E outra coisa: não pense que o tempo passou, pense em como será o tempo que ainda virá. :D

Bjokas.

Pati disse...

Tá fueda pra todo mundo, viu? Te contar um negócio...

Fernando Ramos disse...

Tay, sabe que eu odeio o tempo? Odeio o tempo. E o pior que ele é um dos maiores e melhores professores. Estou tenatando aprender com ele, mas, puxa, como eu odeio o tempo.

Em tempo (trocadilho ótimo): tudo é realmente uma ampulheta derrubando areia em nós. E o pior é que quando acabar, estarei soterrado.