terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

But you closed the door

Eu só consigo começar a escrever no rascunho do meu email.
É até prático: eu jogo uma idéia, desenvolvo, coloco algumas impressões, e se não tiver o que acrescentar ou tiver me cansado do assunto, simplesmente salvo e vou fazer outra coisa. Depois, se algo novo surgir, ou simplesmente quiser dar uma relida, está ao meu alcance. O que me lembra que eu nunca deleto idéias, no sentido prático e fatalista da coisa também.
Mas ultimamente eu tenho encontrado um sério problema pra desenvolver idéias. Eu as tenho. Meu processo se baseia em algum fato, uma vista, uma frase que passou pela minha cabeça, ou algo inusitado que aconteceu no meu dia. Os textos para os quais eu mais me doei (tão sério!) foram aqueles que surgiram de uma palavra. Eu pensei nela, e o resto foi só pra preencher o espaço ao redor. Tenho 23 rascunhos de textos.
Já pensei em falar em inevitabilidade, linhas da mão, telefonemas, armaduras, morte, e blá blá blá, mas eu só tenho pensado, e como eu escrevi certa vez, nenhuma idéia tem brilhado na cor certa, aquela que chame a minha atenção, para que eu perceba sobre o que a minha mente tem martelado ultimamente.
Mas eu sei o que é.
Não sei se acontece contigo, mas eu, de vez em quando, fico naquele estado de floating away. Nada me prende, e não consigo me prender à nada. Sabe quando várias coisas estão acontecendo ao teu redor, mas tu pareces dentro de uma bolha, ouvindo e vendo tudo aquilo de lá, mas ao mesmo tempo num outro lugar? Tudo é tão familiar, mas ao mesmo tempo parece que tu estás só ouvindo o eco das pessoas, algo como uma televisão mal sintonizada. Eu me concentro pra tentar entender, mas só ouço frases cortadas e imagens granuladas.
O tal do papo do presente em corpo e etc.
Mas eu estou presente de outras formas também. Acho que só não estou brilhando na cor certa também. Na cor que me faça ficar estável, e não ser uma matéria volátil, que ao mesmo tempo que se move em todas as direções, não vai à canto algum.
Se isso passa? Não sei! Mas vou continuar vagando por aí.
E eu usei tantas analogias pra escrever, simplesmente, que estou assim. Nem é um estado que eu desconheça tanto...

* Acabei de ter uma idéia de texto, finalmente. E lá vou eu batalhar com idéias que eu não quero aceitar...

7 comentários:

Tiago R. Lima "Mad Max" Andrade disse...

Toda mente criativa passa por essas fases de baixa. Por exemplo: eu também ando com dificuldade para ter idéias. Quer dizer, não é que eu não consiga pensar em nada...é que não consigo DESENVOLVER as idéias que tenho. Mas vou anotando todas elas, porque sei que essa fase logo passa.

PS: isso de guardar um monte de rascunhos é muito legal...só no meu Wordpress tem onze.

Anna Bueno disse...

Tb faço isso, de uma palavra desenvolvo um texto, mas ultimamente nao tenho tido tempo pra pensar. Deve ser por isso que ando fazendo tanta besteira rsrs
Bjos!

Sisa disse...

Tem uns dias que eu quero postar, mas também quem disse que consigo? Estou com a cabeça cheia de assunto, mas nenhum deles sai pelos dedos. Então o negócio é realmente esperar, né?
Bjo.

Anônimo disse...

Sou contista. Já terminei um conto em 2 horas; já comecei pelo título, pelo fim, por uma palavra ou expressão interessante etc. Meses, dias, horas o processo é sudorífico. Quem escreve, não fica parado e sim em latência. Acredite!
abraço

Jhennifer Cavassola disse...

Tenho muitos racunhos de texto também, alias uma pasta cheia. A maioria das ideias nascem da proprias postagens de vcs. Leio, comento e quando vejo que está bem grande o meu pensamento sobre o tema, salvo e mais tarde crio uma postagem. Da só depois de algum tempo que posto, tenho umas que fiz há 6 meses atras e vai indo rsss.

:)

A gravidez andam uito bem, obrigada! Cada vez mais emoções rss.

Um lindo dia! Beijos

Aline T.H. disse...

Bem, eu até diria que sinto um pouco de inveja do estado flutuante onde tudo é cinza e todas as vozes são grunhidos - ao menos lá, não se vê claramente e não se é obrigado/a a responder ao que se ouve.

Ninguém mandou eu ser vermelha...

Beijo.

Fernando Ramos disse...

Tay, se te anima, tenho o triplo de rascunhos que você.

Em verdade, não são rascunhos, mas parágrafos, frases com idéias prontas pra serem desenvolvidas. A questão é o tal do tempo. Fico de frente ao monitor o dia todo no trabalho, então, quando chego em casa e tenho tempo pra redijir, simplesmente não aguento fazê-lo.

Minhas idéias saltam da vida. Dos "causos" que escuto, das minhas filosofias de boteco, do que leio, assisto, enfim, tudo vira insumo, obviamente.

Às vezes escrevo o texto todo, mas depois que olho, acho que a narrativa ficaria melhor em outra perspectiva, ou em primeira pessoa, ou em terceira. Daí, lá vou eu mudar. Isso geralmente ocorre depois de ler um bom livro e perceber a forma que aquilo foi narrado, então capto a voz daquele autor pra poder rasgar a minha nos contos. E é por isso que prefiro ficção. Raramente escrevo minhas crônicas ou devaneios por não ser apegado a realidade. Já dizia Rubem Fonseca, que a realidade é tão clichê, que só as mentiras às vezes conseguem ser originais. Enfim.

No mais, acho que teu processo é um pouco parecido com o meu no escrever e guardar. Nada que rascunho criando, seja um texto, anúncio, idéia, projeto ou o diabo que for, jogo fora. São minhas referências, são a elas que irei recorrer mais tarde, talvez tratar e botar pra funcionar.

Espero que a idéia deste teu texto saia. Depois me diga qual é. E acho a idéia de escrever sobre a inevitabilidade muito boa. Que tal?

P.S.: excelente clip o que postou. Embalou toda a minha pré-adolescência e adolescência jogando pôquer e truco em minha casa com os amigos. Aliás, o álbum The Wall inteiro.

Beijocas!