terça-feira, 31 de maio de 2016

At least I thought I was

Estou de mudança. Literalmente.
E isso acarreta aquele processo de encontrar coisas que você não vê há dois mil e quinhentos anos, mas que estão cheias de boas memórias.
E né, toda mudança acaba trazendo um pouco de desapego. Então não adianta, por mais que você queira salvar aquela fantasia de índia que já não usa há dez anos, certas coisas precisam ir.
Já que estamos sendo honestos, acho que preciso dizer que minha vida vem mudando, e muito, esse ano. Não só mudei de casa, como também mudei de emprego, deixando pra trás um mundo confortável, acomodável e conhecido.
De modos que ando lidando coladinha com o desapego.
E nossa, como é difícil!
Na leva de arrumação, acabei quebrando uma travessa (arco, para vocês aqui mais debaixo do país) que tinha há mais de 6 anos. Parecia que eu tinha quebrado um osso. Ver aqueles pedaços (que ainda não tive coragem de jogar fora, assumo) me fizeram lembrar de cada momento bom que vivi a usando. Doeu!
Esse é o problema que venho enfrentando agora.
Não consigo me desfazer de certas coisas. A sensação que tenho é que, no fundo, estou me desfazendo dessas memórias, preciosas, ou quiçá dessa Taynar que viveu tudo isso.
Bobagem, certo?
As memórias vão permanecer independentemente da minha saia de corações ou da minha calça surrada.
Quanto a mim? Acho que é preciso assumir que aquela Taynar não existe mais. Fato.
Hoje tenho algumas amarras, manias e chatices das quais aquela Taynar desviava tanto.
Mas será que isso é ruim? Eu trocaria quem me tornei para ser aquela de sete, oito, dez anos atrás?
Essa é a hora em que tanto lembrar das inseguranças, dos medos, das bobagens que acompanhavam aquela Taynar.
Sim, eu era mais desbravadora, mas também era imprudente. Eu era livre... Era? Como podia ser livre presa dentro de tantos questionamentos que me consumiam?
Ou será que estou tentando me convencer de que isso tudo é bom?
Porque é tão difícil deixar certas coisas irem embora?