domingo, 11 de novembro de 2012

Apodyopsis



    Coisas boas acontecem quando a gente menos espera. É o que dizem.
    Às vezes, é um bom filme pelo qual não dávamos nada. Outras, uma comida diferente que nunca tínhamos provado.
    Ou então aquela noite em que o nada estava programado para acontecer, e simplesmente acabou acontecendo o tudo, um dos momentos mais diferentes dos últimos tempos.
    Inesperado. Não tem como programar; essa é a premissa.
    É aquela situação em que os sentimentos ficam a flor da pele, e você é obrigado, ou melhor, compelido a agir conforme as coisas vão acontecendo.
    Um arrepio diferente. Um cheiro diferente. Uma pele diferente. Um toque diferente. O corpo começa a reagir a novos estímulos, a cabeça a novos pensamentos. É a babilônia das sensações.
    Tudo é novo, tudo é surpresa, tudo estranhamente faz sentido, e não mais que de repente, tudo se encaixa.
    Subitamente parece que o antes foi perda de tempo. Que esse tempo é o agora.
    Uma história em alguns segundos.
    Por um bom tempo o olhar fica longe, o pensamento disperso e os braços sentindo falta de alguma forma, de algo que não estava ali antes, mas que agora torna-se saudoso.
    Talvez esse mesmo momento nunca se repita, talvez o encaixe volte a não acontecer, mas será que o que passou se torna menos significante?
    Eu acho que, embora ainda prefira continuar confiando no inesperado - naquele algo a mais, o dia a dia não é capaz de suplantar esses raros momentos de felicidade espontânea.
    É isso que faz ser tão bom.
    É isso que faz querermos sempre mais.
    São os momentos inesperados que fazem com que se acredite, com que se sonhe e com que se queira ir em frente.
    E quem pode realmente afirmar o que vai acontecer depois deles?
    Quem pode dizer que não foi apenas o começo?
    Do que? Ninguém também pode saber.
    A história vai acontecendo conforme vai se escrevendo.
    O que você quer que leiam?