terça-feira, 28 de outubro de 2008

Don't paint the silence black now

Perdão. Desculpa. Isso ela entendia.
Certos conceitos eram fáceis de entender. Não precisam de muito esforço.
Absolvição de culpa. Ok, ele errou, se arrependeu. Certo.
Ausência de culpa já era mais complexo. Mas resolveu focar no que entendia.
Remissão de pena. Quatorze anos de escola de freira entrando em ação.
Ela era humana. Dava as suas cabeçadas. Caía na hora errada, não ligava quando dizia que o faria, muita das vezes, deixou alguém esperando, logo perdoar é preciso.
Tirar a culpa. Calma aí. Tirar a culpa era algo completamente diferente.
Queria ser uma boa pessoa. Era uma boa pessoa, disso sabia, mas não o era besta, e se fosse, era por vontade dela, não pela de alguém, tentando enrolá-la.
Errou, perdão é válido. Mas anular a falta, dizer que o perdão tornava alguém santo novamente era demais. Todo mundo podia tentar de novo. Agora quem poderia te culpar por amarrar uma cordinha no pé da mesa?
Não é porquê tu dizes 'sim' hoje, que amanhã toda dor será retirada. Isso leva tempo, e ela não estava afim de esperar.

E procurando no dicionário mental/emocional que guardava consigo, encontrou a palavra que sabia ser a certa: pretexto.
Mandou o filho da puta às favas, e pediu mais uma dose.


* Gente, sou corrospética mesmo, e só agora vim agradecer aos selos dados pela Mulher Diferente e pelo Vida Cotidiana. Meninas, MUITÍSSIMO OBRIGADA e sorry pela demora, mas as coisas andam corridas nessas minhas diversas realidades. Mas valeu mesmo. Beijos

E uma confissão: esse texto é velho, tava rolando no rascunho do meu email faz tempo, mas tô numa correria só, portanto, foi ele mesmo. Sorry, again! Eu vou criar vergonha na cara. Um dia. Talvez. Quem sabe!

PS: Acho que a Mirna foi tragada pela terra...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Je veux bien faire la belle

Calça o sapato novo. Tiras no tornozelo, alto de doer. Preto.
Põe o vestido, também novo (Ah! A felicidade dos presentes de aniversário adiantados...) dêgradé cor de vinho e preto. Decote nas costas, solto nas pernas, curto.
Solta o cabelo, com cachos nas pontas, longo, mas precisando de um corte.
Pega a maquiagem. Aquele blush rosa novo e o batom claro. Lápis preto, rímel marrom, ressaltando a íris castanho claro, quase verde.
Coloca o cd. Escolhe a nona música, a de sempre.
Sai dançando, cantando:

Se met-il à ma place
Quelquefois
Quand mes ailes se froissent
Et mes îles se noient
Je plie sous le poids
Plie sous le poids
De cette moitié de femme
Qu’il veut que je sois
Je veux bien faire la belle
Mais pas dormir au bois
Je veux bien être reine
Mais pas l’ombre du roi
Faut-il que je cède
Faut-il que je saigne
Pour qu’il m’aime aussi
Pour ce que je suis

Porque era uma sexta-feira, dia de levantar, colocar a melhor roupa e sair pra viver, esteja o mundo desabando ao seu redor. Esteja uma passagem comprada, em cima da cômoda.
A vida é muito curta para se beber vinho ruim, e ela gostava de taças grandes...



* Pessoas, estou sumida mesmo dos comentários. Mas prometo deixar de ser patifa e voltar. Podem me xingar se eu não o fizer.
Bom final de semana ;)

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

E pela minha lei...

João e Maria.
Igual à música de Chico.
Nomes comuns, pessoas comuns.
Se encontraram na fila do supermercado. Ela com uma garrafa de vinho, três barras de chocolate e pão de forma integral. Ele com uma caixa de cerveja e batata frita.
Ela na frente, permitiu que ele a analisasse. Nenhuma deusa, mas bonita. Mediana, cabelos ruivos encaracolados até metade das costas, ombros estreitos, bunda grande, vestido simples e sandália de salto, boa pedida. Fila longa, ela se virou, dando o tempo da análise de Raio-X dele: alto, podia perder uns dois kilinhos, cabelos escuros, sorriso bonito, dá pro gasto.
E ficaram se encarando por algum tempo, ela com um sorriso, tímida, e ele com o olhar galanteador. Ele resolveu chegar. Compras, fila longa, tempo, qualquer coisa que desse tempo pra encantá-la.
- Oi, João! Boa noite!
- Oie, Maria. Nossa, fila longa, né?
- É, fila longa, dia quente, caixa lenta, maravilha, não acha?
- Maravilha mesmo! Pringles?
- É vício, engorda menos que Ruffles, um dia inventam cerveja diet também. Chocolates?
- Credo, cerveja diet? Prefiro vinho. Amo chocolates. Sabe como é né...
Nessa hora, chegou a vez dela no caixa.
- Sua vez, boa sorte!
- Ah, obrigado!
- E ela olhou para João com uma cara de 'Poxa', mas seguiu adiante.
- Se você me esperar pagar até te faço companhia depois caminhando - Continuou ele, chegando mais perto, o bastante para não deixar escapar nem conversa nem interesse. Já ela sorriu, mais pra dentro que outra coisa.
- Eu ia adorar.
João passou por trás dela, espremido contra o outro caixa para evitar besteira, e montou as sacolas, embalando as coisas de Maria.
- Momento de cavalheirismo só pra lembrar que ainda existe isso.
- É coisa rara mesmo, olha – E ficou observando enquanto ele sacou a carteira e terminou todo aquele velho ritual.
- Vamos então? Meu carro tá no outro quarteirão, e o seu? – Falou Maria, enquanto colocava tudo de qualquer jeito na bolsa, para não perder o passo.
- Vim de bicicleta, moro aqui perto. Mas te acompanho até o teu carro.
- Bom, aproveitando a raridade se deixar até carrego suas bolsas.
- Ah, poxa, não precisa, é bem leve, na verdade
- Bom eu tentei...
Ele não conseguiu esconder o largo sorriso na face ao sair. E num momento de puro embaraço, seguiram calados, até que ela chegou ao carro, e bicicleta dele estava ao lado do veículo, acaso!
- Tá, então... Eu tenho que ir - Falou, rezando para ele pedir seu telefone, mas nessa hora, o celular dele tocou.
- Só um segundo... – Atendeu, pegando a bicicleta. Fez a pior cara do mundo, aquela que tinha estampado problema na testa - E eu que já estava até feliz, bom, acho que nos despedimos aqui então.
- Tudo bem. João, foi um prazer! – Como numa dança desconcertada, o celular dela começou a tocar. Era a mãe.
- Opa, o meu agora, tenho que ir. Tchau! - Saiu, jogando a bolsa no chão do carro, e perdendo a ligação.
Maria desceu com o carro a ladeira, enquanto João, na bicicleta, fez o caminho inverso, subindo. Na cabeça dos dois, um incomodo sem explicação.

Pois você saiu no mundo sem me avisar, agora eu era o louco a perguntar o que que a vida vai fazer de mim...

[ Taynar & Sargento Peixoto ]

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

One hand on this wily comet

Still to come,
The worst part and you know it


Sonhos.
Ilusões engraçadas, premeditadas, ou bruscas em sua repentina aparição. Algumas vezes, realmente se sonha acordado, se planeja e se espera. Pra no outro dia acordar e ver que tudo mudou, mas ainda permanece igual, um mundo onde todos os móveis te pertencem, mas estás de cabeça pra baixo.
Ou não, é dormir e sonhar coisas desconexas onde tu és tu, no corpo de outro alguém.

Tu não tens obrigação de ser o sonho do outro, assim como ele não tem obrigação de ser o teu.

Estranho, né? Às vezes, tu não te atentas pra isso, mas as coisas deveriam ser entendidas assim.

O mal do ser humano é não entender que certas aspirações são completamente individuais, e que os outros não tem que vir programados à modificação segundo o bel prazer de cada um. Somos seres egoístas e individualistas por essência, quem poderia reclamar?

Close your eyes to corral a virtue,
Is this fooling anyone else?


Isso é uma via de duas mãos, e lógico que não serve como desculpa pras pessoas agirem idiotamente.
Via 1: Sonhos são coisas pessoais. Tu os tens conforme tuas aspirações, pensamentos, opiniões, desejos e vontades. Tu queres alguém que seja alto, magro e goste de Rock. Ok, é um direito teu. Agora tu vais obrigar à um cheinho fazer regime e largar os cds de Axé, só porque TU assim sempre quis?
Não tem algo de errado aí?
Porque as pessoas sempre esperam que correspondamos à imagem que ELAS têm de nós, e que por vezes, é completamente diferente de quem somos?
Cadê a parte do 'aceita-me como eu sou'? (Ok, tirem-se aquelas coisas realmente intoleráveis, há exceções).
Então, tu não tens que te tornar outra coisa porque uma outra cabeça sempre o quis. É torturante, e foge à tudo aquilo que dizem ser amor. Afinal, alguém acredita que pode-se mudar outra pessoa? Eu sou a favor de que ela pode querer mudar por ti, mas não vais ser tu a operar esse milagre.

We can blow on our thumbs and posture,
But the lonely are such delicate things


Via 2: Aquele(a) moreno/loira lindo/estonteante não tem porquê ser o que tu queres, e corresponder ao que TU sentes. Injusto? Pode até ser, mas tu também não és o que o conquistador cafona do teu escritório quer.
Ou seja, tens que aprender que não precisas ser o sonho dos outros, assim como os outros não têm obrigação de serem o teu. Dói feito o inferno, mas é assim. Livre arbítrio e mais aquelas coisas escrotas que temos que suportar, e todo mundo joga na nossa cara quando o fundo do precipício tá longe de chegar.
Tu te jogas querendo errar o chão, e acabas com um riso forçado, mergulhado naquele sarcasmo pregado em ti.
É tão ruim aceitar as falhas dos outros assim?

A list of things I could lay the blame on,
Might give me a way out


Sonhos podem ser TEUS, MEUS, e algumas vezes NOSSOS. Mas quando são pessoais, são desejos/vontades/loucuras individuais, que correspondem à coisas de cada um. Eu não posso esperar que alguém seja aquilo que eu sonhei, se eu não sou o que muita gente espera.
E não quero ser sempre aquilo que esperam de mim. Pro bem ou pro mal.
Quero tudo ter, a estrela, a flor e o estilo.

Every post you can hitch your faith on,
Is a pie in the sky,
Chock full of lies,
A tool we devise,
To make sinking stones fly


Tá na hora de começares a aprender a diferença entre sonhar só e sonhar junto. Se sonhas só, o sonho é teu e ninguém tem que dar pitaco, mas também não tem que, obrigatoriamente, ter alguém que corresponda ao sonho. Se são em conjuntos, aí entram as experiências de cada um.
É tão ruim largar um sonho egoísta e construir algo junto?

Então, acho que já tô aprendendo a me desvencilhar dessas amarras ilusórias (ou não), não sem dor, porque eu nunca vou deixar de me preocupar com o que o outro sente por mim. Mas confesso ser meio duro conviver com sonhos quebrados, mas eu aprendo. Na verdade, estou sempre aprendendo, por mais que seja duro essa aprendizagem.
E tu?

There is a numbness,
In your heart and it's growing


* Ainda tentando convencer a Mirna de que ela não precisa da minha eterna aprovação pra postar.
E NÃO!, não decidi ainda se vou ou se fico. Porque algumas pessoas não param de me pressionar? Supostamente deveriam ser as que seguram a minha mão, né...

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Honestamente eu só quero te dizer

* Bom, ela aceitou!

Depois de uma tensa reunião, onde tivemos que beber muito para que o pacto de não-agressão fosse firmado, temos uma colaboradora esporádica (culpem a falta de vergonha dela, ou ainda a de saco): vos apresento a Mirna, aquele alguém, que quando eu tô com os galões de gasolina, pensando se explodo ou não, já chega com o fósforo, dizendo que trouxe a tequila pra gente beber, enquanto olha tudo pegar fogo. Ela é dessas, que dá asas às minhas loucuras, e com a qual eu não tenho nenhum tipo de pudor pra contar qualquer besteira. Sejam sonhos, sejam atos de bandidagem, ou seja apenas a porra de um dia baunilha.Vou me retirando, e deixando-os com ela. Enjoy! Taye



Sinceramente você pode se abrir comigo
Sabe aquela expressão, 'coração de pedra'? E aquela outra, 'pega mas não se apega'?
Pois é!
Ela, uma pessoa que gosta de ficar, de aproveitar momentos, mas que morre de medo de se envolver, que tenta ao máximo não criar laços.
Hoje se pergunta: Como é que ela gosta justamente dele?
Relembrando do primeiro dia que o viu, percebe que em nada ele lhe chamou a atenção. Bonito? Sim, é verdade. Simpático? Tímido demais pra isso. Bom papo? Como ela ia saber, se ele nem abria a boca? Faltava aquele charme a mais; aquela cara de homem, aquele sorriso sarcástico, ou até mesmo safado.
Passou o tempo e detalhes daquela personalidade até então desinteressante, começaram a parecer instigantes. Como ele pode ser tão diferente de todos os seus primos? Como é que alguém tem problemas com determinadas palavras do nosso vocabulário ao ponto de ter tremiliques? Tremiliques, eu disse? Sim, ele tem tremiliques, aqueles momentos em que seu corpo treme em parte e as mãozinhas se levantam e fazem gestos como se estivessem abanando algo pra longe de si! Tudo isso porque aquela palavra soa... Excêntrica demais aos seus ouvidos sensíveis. Pouts!!!!!!!!!!!!!!!

Ela, que nunca foi muito crente em frases caracteristicamente românticas, por conseguinte cafonas como: 'E de repente ele surge, e ela, como se estivesse vendo aquele homem pela primeira vez, se encanta...'
Tentem ler a frase fazendo aquela parada dramática aos pontos. Não é romântico? Não é cafona? É, é lindo.

Mas aí vem a crise!
Ela não se envolve.
Ele namorava há anos.
Ela adora sair.
Ele fica em casa.
Ela ama dançar forró, reggae, pagode, pop, qualquer coisa.
Ele não dança.
Ela se viu gostando dele.
E ele ficou algumas vezes com ela.


Ela lembra, ainda com uma certa revolta, do meses que passou sem ficar com mais ninguém porque não conseguia parar de pensar nele. Que não ia beijar ninguém, pq só queria beijar, se fosse a boca dele. Ele não tem idéia disso. Porquê? Porque eles nunca tiveram nada a mais.
E ela, se vê fiel a si, ao seu sentimento, mesmo quando vê que aquele menino bonito, que de repente virou o homem que mexeu com todos os sentimentos dela, não tem idéia de que ele fez um coração de pedra começar a bater.

domingo, 12 de outubro de 2008

Mas da janela já não entra luz

Noite de festa, a melhor noite.
Espaço aberto, rua larga e muita gente. Milhares de pessoas, milhares de rostos, praticamente toda a cidade.
Ela numa calçada, com as amigas, esperando, rindo, na mão um catavento colorido, que insiste em soprar, sem nem saber porquê. Aquela espiral multifacetada a anima.
De repente, do outro lado, um perfil. Cabelo conhecido, jeito de rir característico, um nariz. Tanta gente, tantas coisas, mas ainda assim, só aquele perfil a sua atenção.
O mundo pára, que clichê. Congela que nem em um filme B, onde o catavento não roda, a pipoca não pula, e ninguém vive. O sangue pára de circular, só o coração continua a bater, e surpreendemente, mais rápido.
Há alguns metros de distância, mas distante milhares de kilômetros dela, está ele. Ele. Aquela pessoa que tanto significou, mas que por pouco tempo esteve presente.
Ela sai atrás dele, deixando todo mundo, sem medo de se perder no meio da turba, já que perdê-lo novamente é dolorido demais.
Ele vai na frente, com uma 'amiga', que o abraça, arranca sorrisos do seu rosto. Ela segue, se martirizando com aquela cena, ainda que sorrindo, só por vê-lo.
Uns metros mais adiante, a consciência volta e ela estanca, derrubando pessoas que seguiam atrás. Estanca para se perguntar o que, diabos, estava fazendo. Ele decidiu seguir em frente, não competia a ela seguí-lo mais, ainda que ela quisesse, ainda que a vontade fosse enorme de mais uma vez estar ao seu lado.
Não importa se ele não a vê, não importa se ela não fala com ele. O que importa ela não sabe.
Olha a última vez, enquanto ele segue na rua apinhada, ainda rindo, ainda lindo, e vira, não triste, não feliz, mas deixando o catavento no chão.


* Ainda que vocês nem saibam o que é, Feliz Círio, pessoas! =)

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

All that shimmers in the world

Uma noite perdida na cidade...

Visão dele
Como todo domingo qualquer, lá estava eu vendo o meu time europeu de futebol favorito jogar, quando sai do escritório o meu velho, com uma cara sorridente e me passa o telefone. Era uma amiga dele, que eu já conhecia cuja festa de aniversário tinha presenciado na noite anterior. "A minha sobrinha vai sair hoje à noite e ela disse que caso você queira ir dar uma volta pra você ligar pra ela".
Havia a conhecido vagamente na noite passada, na mesma festa. Trocamos um "Oi e Tchau", no máximo. Por isso até fiquei surpreso com essa ligação. Mas, eu anotei o número e com certeza eu iria ligar quando a hora certa chegasse. A hora certa pra mim talvez não seja para algumas pessoas, como por exemplo, para o meu velho pai: "Liga aí, filho", "Pai, eu vou ligar, relaxa!", "Mas liga, não vai fazer desfeita".
O meu pai já tinha comentado sobre "a tal sobrinha". Diz ai quem nunca passou por essa antes "Filho hoje eu vou te apresentar a filha de uma amiga minha...". Eu não sei se me animaria ou se pensaria "Putz! Mais uma pra ficar aturando".
Enfim, eu ia ligar, eu ia, mesmo porque pelo pouco que eu conheci dela, foi o suficiente pra reconhecer alguma personalizada. Diferente de algumas outras que a gente cruza por ai. Mas eu só iria ligar no momento que meu pai parasse de me encher as paciências.
Obviamente eu fiquei matutando o dia inteiro: "Porque que mesmo a menina me conhecendo por meros 10 minutos iria estender um convite pra sair?". Tirando o fato que eu sou novo na cidade e não conheço quase ninguém explicaria: ela estava sendo gentil em me levar pra sair. Claro na cabeça de todo o homem quando uma garota o convida para sair é que ai tem coisa.
Consciência 1: Cara, vai lá meu, qualé? Ta com medo de quê? O que você vai perder indo? Se não curtir não precisa ir de novo, ué...
Consciência 2: Olha lá o que você vai fazer, hein. Do jeito que você é meio mulherengo ainda vai acabar querendo ficar com essa menina, porque eu sei que na tua cabeça aí você tá achando que ela tá a fim de ti. Pô, pior que eu to achando mesmo. Prepotência do caralho né?
Feita a ligação, eu fui me arrumar, e ainda por cima me atrasei, gafe! Entrando no carro estava ela e mais uma amiga. Elas deixaram escolher pra onde eu queria ir, mas acho que elas esqueceram que eu não sei nada da cidade. Fomos parar num lugar onde tocava reggae.
Com certeza ela achava que eu não estava curtindo, que não estava gostando do lugar. Mal ela sabia que eu tava ali tentando curtir o som dos caras e conversar com ela sabe deus o quê. A amiga dela se arranjou com um rapaz, e ficamos ali. Fomos conversando e cada minuto algo diferente.
Mas com certeza essa não é a parte da historia que vocês querem saber. Com certeza devem estar pensando, "Qual consciência ele escutou afinal"?
Foi quando ELA me tirou pra dançar. Que vergonha, nem pra você tomar a iniciativa! Aí mano, quando o corpo a corpo entra em cena e o calor humano bate, a coisa desanda! O "velho eu" ali começou a querer surgir do além pra soltar aquelas frase de efeito pra mais uma vez voltar à guerra da "azaração". Mas não. Eu fui forte! E olha que meu pai tinha razão em querer me apresentar ela (Sorry velho! Na próxima eu te escuto melhor).
Em outras épocas eu pagaria o preço! All in mate!!! Dessa vez, eu pedi o fold!
E não é que eu descobri uma pessoa totalmente diferente do que estou acostumado? Conversando dias mais tarde com ela descobri que muitas das opiniões delas têm a ver com as minhas. E que os gostos pessoais refletiam um pessoa com "cheiro de personalidade" que eu tinha sentido naquele primeiro dia. Só que daquela vez ela era mais uma na festa, hoje não!
Espero que ela não tenha me achado muito estranho a ponto de não querer sair comigo mais. Porque, realmente, tirando por aquele dia, nem eu sairia mais comigo mesmo.
Eu espero que ela possa me chamar pra dançar mais uma vez, pra daí eu poder decidir melhor quais das consciências escutar. Sem querer me enfiei de novo na velha guerra. Minha preocupação é acabar fazendo besteira e arruinar algo que nem começou. Ou quem sabe não?!


Visão dela
Um dia aí, houve um jantar pelo aniversário da minha mãe e da minha tia, mas como eu tinha que ir trabalhar, só chegaria no final de festa. Depois de uma noite completamente estressante, que eu pensei que não fosse acabar, cheguei em casa. Cansada, suja e descabelada.
Trocentos e cinquenta e dois parentes pra dar 'Oi' e eu só queria lavar a mão, comer alguma coisa. Quando eu olho pro sofá e vejo uma cara desconhecida. Passei direto pro meu quarto pra deixar as minhas coisas e lá vem minha tia, a aniversariante, com um sorriso de que tinha aprontado alguma. Já fiquei com medo.
E ela tinha mesmo. Segundo minha querida tia, aquela cara que eu não conhecia e que estava sentado no sofá da minha sala, estava lá pra me conhecer. Como é que é? Quase caio da cadeira. Não dei muita trela pra ela e continuei fazendo minhas coisas. Quando ela insistiu, eu vi que a coisa tava feia pro meu lado, e fui enfrentar a fera. "Oi, tudo bom?". Até que não foi tão mal, e ele pareceu ser legal. Agora eu ia comer.
Toca pra cozinha, converso com os primos, lá vem a tia de novo, senti que não ia ter paz aquela noite. Me levou pra me despedir da cara desconhecida. Olhando de perto, uma cara bonita, devo dizer.
Quando todo mundo já tinha ido embora, a tia, que ficou pra dormir em casa, chegou novamente. E me contou que o moço da cara bonita era novo na cidade, não conhecia ninguém e que ela resolveu me apresentar, porque ambos queriamos viajar, eramos extrovertidos, e eu seria uma boa companhia.
Tá, eu fiquei com peso na consciência. Custava eu ter sido mais educada? Então, tia, liga pro pai do moço, dá meu telefone, que amanhã eu vou sair com uma amiga, se ele quiser, a gente leva ele.
No outro dia, quando entro no carro, pra pegar uma carona com a minha mãe, ela pergunta: 'falou pra tua tia ligar pro pai do moço?'. Já tinha até esquecido. Comecei a achar que era complô.
Trabalho, estresse, saída! Amiga e eu fomos pro bar, e eu contei pra ela esse fato, mas como tava meio tarde, achei que o moço não tinha ido com a minha cara e resolveu não ligar.
Enfim, já indo pra casa, meu celular toca. Número que eu não conheço, imaginei ser o moço, e era. Então, Amiga, a noite não acabou. Ela quis me bater, mas como tava meio estressada com uma outra história, me acompanhou.
Fomos buscar o moço e ele se atrasou, mau sinal. Chegou, apresentei e perguntamos pra onde ele queria ir. Não era o mesmo lugar que queríamos, mas ele era convidado, então tinha prioridade.
Chegando lá, mal estamos nos habituando, a Amiga me larga pra encontrar um... ern.. amigo! Que lindo, e agora? Que que eu falo? Socorro!
Fiquei com cara de parede. Mas vamos lá, nunca fui de ser tímida [nesse caso, vai saber porque, eu estava], do que tu gostas, o que tu fazes. Chegava uma hora que esse papo batido acabava e eu não sabia o que falar. Mas gostei da conversa, alguém com opinião, graças à Deus!
O moço continuava com aquela cara indecifrável. Vou chamar ele pra dançar. Não vou não. Vou sim. Acho melhor não. Ah, que saber, vou chamar sim. E nossa! o moço dança bem. Pena que o mesmo não possa se dizer de mim. Ahh, a música acabou.
Outra música, será que ele vai me convidar dessa vez? Pelo jeito não. Acho que ele não foi com a minha cara. É, então vou lá eu. Dançamos mais, hora de ir embora. É, acabou a noite.
O moço é legal. Fiquei feliz de te-lo conhecido, ainda que fosse desse modo, totalmente Oriente Médio, onde quase anunciam o meu preço em camelos. Espero que possamos sair de novo. Só não sei se vai ser possível, não vi ele com uma cara de quem tinha gostado muito. Vai ver não gostou deu tê-lo chamado pra dançar. Porque eu fui fazer isso? Ahhh, não sou de me arrepender, então, se sairmos de novo, chamo outra vez. Será que ele vai topar? Veremos.

Conclusão?
Parem para imaginar o Pai e a Tia, planejando o próximo passo do plano infalível deles “úúháháhÁhÁ... (eco)”.
Eles nem tem idéia de que os dois “desvendaram” a falcatrua. Falcatrua que no fim das contas teve o objetivo alcançado. Afinal os dois saíram né? E bons frutos irão sair desse encontro, sem dúvida. Pode-se dizer que o rumo dessa armação a lá novela das 8 é incerto. Um passarinho bateu na minha janela e disse que eles andam conversando bastante, trocando idéias sobre diversos, e dando algumas risadas. Vocês perceberam que ambos sacaram o que estava rolando? Da trama?
Mas no final isso virou somente motivo de risada. O que aconteceu mesmo foi que, depois das “estranhices” que aconteceram antes e depois do encontro, ficou a amizade. Que aos poucos está se construindo. Aos poucos eles vão se conhecendo. Coisa que hoje em dia pouco acontece. Ta mais pra atirar (BAM) pra depois interrogar.
É bacana ver as coisas acontecerem à moda antiga. Alguém aqui já vivenciou o tal namoro de portão?
A família oferece a moça por alguns camelos e o patriarca querendo dar um rumo na vida do filho aceita o preço. Só que não querendo a interferência do pai na história, vai até onde os camelos foram entregues pra dar um jeito neles. Na cabeça dele se passava “se eu quebrar a perna de um, aleijar o outro com certeza serão devolvidos e daí me livro dessa”. Só que ele não contava encontrar com a sua pretendente acariciando os pobres futuros aleijadinhos...
No final desse capítulo o rapaz volta pra casa sem ferir aqueles animais, e pensando que talvez algumas vezes a gente precisa de alguém pra tomar conta da gente, pra nos fazer enxergar alguns caminhos, quando nós muitas vezes não enxergamos. Ficar sempre aberto a um conselho, uma ajuda, seja de um pai de uma mãe, de um amigo ou até mesmo ex é uma vitória pessoal, principalmente quando nos falam “a verdade que não quer se escutada”.
Tramóias como essa sempre acontecem, algumas para o bem, outras para o mal. E o que muitas vezes parece errado acaba sendo certo e vice-versa.
Imagina se os dois tivessem se sentido violados e decidissem não entrar na onda do pai e da tia? Provavelmente estariam hoje se sentido donos dos seus destinos. Mas uma dosagem um pouco menor de orgulho trouxe para a vida de ambos algumas gargalhadas a mais nessa vida tão batida.

(Filipe & Taynar)

* Um grande beijo pro Filipe, que me deixou publicar o texto dele e que me inspirou para que eu escrevesse o meu!

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

This is not enough

Nada a ver com pessoas que sejam Scarlett Johansson ou Collin Farrel. Nada a ver com pessoas de cabelo liso, bunda sarada, corpo de escultura grega. Não, nada a ver com isso.
Afinal, o que te define é a coloração do teu cabelo? Sinto por ti, eu, sinceramente, espero das pessoas mais que isso. Se tu és tu só pelo teu sorriso alvo, conquistado com litros de bicarbonato de sódio, ou o teu carrão importado, tu não seras nada sem isso.
Se tu és tu pelo teu poder de regeneração com os problemas, parabéns, we've a winner. Tu és uma dessas poucas pessoas que valem a pena gastar três horas, ouvindo a tal história sem final feliz, mas real.
Hoje todo mundo se preocupa se o cabelo tá bom, a roupa tá na moda e o fio da meia não tá puxado. Um bando de pessoas feitas em série, que não sentiria a alegria de tomar um banho de chuva inesperado, daqueles que arrancam gargalhadas verdadeiras, por medo de estragar a escova, ou a blusa nova ficar puída. São pessoas que vivem pela e para a aparência, e quando tu vais olhar mais a fundo... Bom, não há fundo. É só aquela casca, aquele cara linda, aquele corpo de dar nó. É verdade, na maioria dos casos a gente não se aproxima de alguém por achar que esse alguém tem cara de quem gosta de Assis, Azevedo ou Hemingway. Mas, por favor, eu quero mais que o externo, né. Nenhuma beleza dura mais que o dia seguinte. A não ser que duas cascas vazias se encontrem. Aí, se encontrem longe de mim, s'il vous plaìt!
Não me esqueço das aulas de Ciências, onde aprendi sobre a Planária, um animal invertebrado que quando dividido, consegue se reconstituir, tornando-se dois seres distintos.
Temos um ser humano, partimos ele em dois: a casca e o o recheio. A casca é boa, não perfeita, mas humana, real, com qualidades e defeitos, coisas bonitas e marcas do tempo. O recheio, bom, esse é melhor ainda. Daqueles macios, que deixam gosto de 'hummm', e sempre vai te fazer querer provar de novo. Um ser, aproveitado em sua totalidade.
Pegas um outro animal qualquer. Parte em dois e... Bom, e aí, não tem 'e'. O que tu pegas é o que tu tens, sem recheio, sem gostinho de querer mais. Por fora, bela viola, sepulcro caiado, e essas outras definições que já ouviste por aí.

Abre parêntesis: Eu não me esqueço de uma situação que vivi. Uma amiga quis me apresentar um desses tops que toda cidade tem, esses caras lindos, sarados, com sorrisos de 300 woltz, e lá fui eu, incauta. Conversa vai e conversa vai, porque o louco só sabia falar do novo Civic dele, sua carteira Louis Vuitton, sua blusa da Diesel, e sei lá mais o quê, até que consegui desviar o assunto e ele me perguntou um hobby. Eu respondi ler. Juro, o cara ficou uns dois minutos olhando pra minha cara como se eu fosse o ET de Varginha. Quando o Tico e Teco se recobraram do susto e conseguiram processar a informação, ele me disse que não conhecia ninguém que tinha dito que tinha por hobby ler. Eu tive tato de não perguntar se ele já tinha visto um livro na vida, mas juro que não queria nem conhecer os amigos do mancebo.

Continuando...
Deixando de lado a multiplicação, falemos da regeneração.
Quantas pessoas conseguem ainda ser elas mesmas depois de perderem o cabelo, ganhar uma nova cicatriz, estar sem dinheiro pra comprar aquele novo casaco, hit da estação? Quantas pessoas conseguem passar pelas coisas feias da vida, e ainda assim, serem de uma beleza suprema, cegante aos olhos, mas reluzente aquilo que cada um tem dentro de si? Quantas pessoas conseguem se sujar, descer ao Inferno, e voltar, como um Orfeu, mais forte, mais belo, mais digno?
Eu conto no dedo as pessoas que são belas as meus olhos. Aquelas que topariam, numa festa chique, tirar o sapato, e ir jogar brincar de pique-esconde na rua.
Poucas pessoas são completas, são bonitas pelo conjunto todo da obra. Existem músicas ruins, passagens que doem no ouvido, mas assim como um CD (vou usar essa analogia enquanto é tempo), tu não podes escolher uma pessoa só pelas características boas. Tira toda a graça da coisa.
Eu sei muito chata sem a minha impaciência, sem o meu pavio-curto, sem minha vontade de discutir. Acho que meus melhores dias são aqueles em que a idiotice do momento despentou meu cabelo, amarrotou a minha roupa e eu estava estressada, muito estressada. Há uma beleza estranha na imperfeição, eu creio. Mas é claro, é importante se sentir bonito, vestir aquela blusa que te faz sentir melhor, arrumar o cabelo, colocar aquele perfume. Porém, é necessário entender que é o que vem por dentro da blusa que te define, não o pano, ou a marca.
Então, prefiro mil vezes uma casca batida, com imperfeições e um recheio digno de Ferrero Rocher, do que uma maçã liiiinda, reluzente, com veneno por dentro.
E não tenho medo de parecer ridícula. Eu acredito que saber rir de nós mesmo é essencial. Por isso, sempre rio depois das minhas quedas. Porque, Nossa!, como eu caio!

That I would be good even if I lost sanity

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Não quero ver quem tem razão

O despertador tocou a primeira vez. Só mais um pouco. Ela despertou uma hora depois. Só mais um pouco. Mais meia hora. Um pouco mais.
Levantou duas horas depois, pensando que, Droga!, estava atrasada, e que pior ainda, ela devia ter levantado quando o alarme soou "Not just anybody...". Algo lhe disse que seria um dia confortably numb, e que ela ficaria com peso na suposta consciência, por não ter levantado antes.
Teria muitas coisas pra fazer, mas o dia teria que ter minutos à mais e pensamentos de menos pra que ela conseguisse fazer tudo. Qualquer hora ela tinha certeza de que veria um coelho correndo com um relógio, berrando que era 'Tarde! Tão tarde até que arde!', e ela sairia, desesperada, correndo atrás dele, tentando alcançá-lo, mesmo que para isso, acabasse chegando no país da Rainha de Copas, sendo pequenina para naufragar numa xícara, ou grande demais para passar pelo buraco da fechadura. Será que seria convidada para um chá?
Prova. Français. Elle n'a sait pas rien. Grande coisa.
Trabalho, mais cedo. A falta de computador.
Avó. Consulta.
É, consulta. Vamos lá. Achou o consultório. Elevador. Décimo segundo andar. Coisas de consultório. Revista velha, atendente com cara de parede, espera dos infernos! Tentou estudar, mas en éffet do entorpecimento, as palavras passaram pelos olhos tão rápido que ela não sabia mais nem o que eram.
Um pedido, e ela teve que ir ao décimo terceiro andar. Resolveu ir de escada, ela não estava com pressa, essa hora já não faria muita diferença. A janela passaria despercebida, se ela não estivesse procurando um lugar pra olhar o seu reflexo.
Não deu pro reflexo, mas sim pra uns prédios sujos, rua movimentada, e gente que, com certeza, tinha mais pressa do que ela. Aquele ponto conhecido, onde nada é estranho.
De repente, sentiu-se em pé em cima da mesa, só pra olhar a sala de aula com uma outra perspectiva. E mesmo olhando as mesmas coisas, viu coisas diferentes, em dimensões maiores, ou tão irrisórias que não deu pra não rir. Como um balão suspenso, ela imaginou como parecia a sua imagem, vista de cima da mesa. Tão grande, tão pequena.
Decidiu subir em mesas mais constantemente. Ou então entrar na floresta, não para viver eternamente, mas para quando morrer, não descobrir que não tinha vivido.
Se a visão não fosse boa, bastava pular da mesa, ou sair correndo da floresta, atrás do tal coelho.
Voltou e terminou finalmente o Legado da Família Winshaw.
E a prova?
Com isso ela achava que não ia ter muita sorte, não...

* Update: Talvez esse blog ganhe uma segunda pessoa, excelente, diga-se de passagem. Se a Mirna aceitar a proposta. Não prometo milhões, mas alguns shots de Cuervo e fugas espetaculares. Topas?

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Tórax de Superman e o coração de um poeta

Resolvi me pregar na cadeira e tentar escrever algo decente. Sabe-se lá se vou conseguir, mas esse blog tava ficando muito meloso, correndo o risco d’eu surtar de vez, e deletar tudo. Como ainda me resta um pingo de juízo (não me perguntem de onde saiu), cá estou.

Hoje não vou escrever de mim, nem para mim. Vou escrever para algumas pessoas. Na verdade, três delas, que essa semana, estiveram muito presentes na minha vida, de um modo perto, de outro distante, mas ainda lá. Não vou citar nomes, nem nada, se calhar, vocês se identificam.

Enfim...
Há um tempo atrás, depois de uns problemas, ouvi uma definição meio clichê da vida: uma estrada longa, com alguns buracos. Um dia, inevitavelmente, tu cais em algum. Piegas como analogia (raras não o são), mas em algumas situações, o negócio até que calha, e a queda, Nossa!, é desastrosa mesmo.

Às vezes, tu cais e ganhas no máximo um ralão no joelho, que arde quando tomas banho, vestes a calça, coisas básicas. Três dias, já criou o cascão e tu nem lembras mais. Sobra, se tanto, um risquinho branco na tua perna, que algum tempo depois, tu vais te perguntar como arranjaste.
E assim são algumas situações. Tu esperas e por uma série de desventuras, ou simplesmente a porra do 'acaso', o negócio não vinga, te chateias alguns dias, mas vida que segue, o bloco tá na rua, não dá pra esperar, e tu nem queres isso mesmo.

Há os buracos médios. Aqueles que tu cais e ralas o pé, a canela, o joelho, e as feridas te impedem de calçar sapato fechado, ou vestir uma calça comprida por uns dois dias. Dói pra burro, e tu ficas pensando, algum tempo, como tu foste pateta ao ponto de não notar a hecatombe que vinha por aí. A recuperação é lenta, mas a não ser aquela cicatriz que lembras, de vez em quando, tudo é igual.
Desastres médios. Aqueles que aos quais és levado por decisões alheias ao teu controle, mas que acontecem, não dá pra fugir. Tens que tascar Merthiolate, trocar a gaze de manhã e à noite, e continuar andando. Se parar, enferruja.

E vem o desastre. Aquele buraco do tamanho de um fosso, escondido atrás de uma árvore jeitosa. Caíste e junto, quebrou-se parte de ti (aqui, entra o pé ou não). Pronto. A dor é insuportável, tanto que te impede, muitas vezes, de sair do buraco sozinho. Gritas, choras, esperneias, de um modo literal, ou não (tem gente forte, que chora pra dentro, e sem perceber, a dor se torna mais forte por isso). Tens que ir num especialista, que vai te receitar um bando de coisas, e muito repouso. Uma pausa de tudo o que antes fazias. Muito tempo sentindo dor, muito tempo mancando, e muitas vezes depois, ainda vais sentir fisgadas, e ter certeza de que as coisas, ou tu, no caso, nunca mais foram iguais. Esse é o pior buraco. Mas é aquele do qual tu nunca vais conseguir escapar.
Desculpe, Totó, mas tu não estás mais no Kansas.
Tu podes tentar te preservar, viver numa redoma de vidro, onde tudo é rosa e não há dor. Mas vidro quebrar, e se a vida foi feita só de alegria... Vamos colocar assim, parafraseando meu amado Chico: Não haveriam estrelas, ó bela, sem noites por detrás...
É exatamente isso: como vais aprender o significado da gargalhada sincera, se antes disso, não tiveres experimentado aquela solidão tremenda? Não é apologia à tristeza, mas só caindo, é que tu vais levantar, porra. Isso é meio óbvio.
Cair dói, machuca, deixa uma cicatriz ridícula no meio da perna, antes tão bonitinha, mas não tens como escapar. Acima de tudo, foram as quedas que te fizeram ser quem és hoje, as pequenas, médias e os desastres. Pro bem ou pro mal. Mas geralmente, se tu fores analisar, tirando a dor tirana, quase sempre é pro bem.

Então assim: caíste, acontece. Vais ser tão orgulhoso ao ponto de ficar lá, ou vais deixar essa besteira de lado e aceitar uma mão? Vais deixar alguém atravessar esse fosso, te ajudar com a louça e segurar o teu coração, mesmo tu sendo uma baunilha azeda?

Eu juro que se deixares, te convido pra uma cerveja pra celebrar ;)

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

E fui andando sem pensar em voltar

Ding-dim... Ding-dim... Dim...

Olhou pro alto e sorriu consigo ao ouvir o badalar dos sinos. Sinos. Ela sempre gostou de sinos.
Aos seus ouvidos não soavam estridentes, ou ainda ensurdecedores. Soavam como o bater de asas da Sininho, ou ainda o tilintintar de várias pulseiras. Sim, ela se dava ao luxo de ainda ter pensamentos pueiris desse tipo.
Por isso sempre que pôde se fantasiar, suas escolhas sempre variavam entre o quão mais rodada e em forma de balão fossem as saias.
Havia um encanto maluco e desconexo que mexia com a sua cabeça.
Sua cabeça... Estava no lugar, acima do pescoço, como sempre, e por isso ela estava despreocupada. Então, porque tantas pessoas queriam saber por onde ela andava? Que a deixassem do jeito que ela deveria estar. Pensado, ouvindo, dançando...
Uma pessoa tinha direito de fantasiar. Uma fantasia rodada, com plumas, paêtes e máscaras, porque não? Sempre foi fã do Erik e da Colombina.
Uma pessoa também tinha direito de não querer falar, aparecer, ou dar sinal de vida.
Ela tinha direito de ficar offline, de vez em quando.
Então, se ela sumisse, deveriam procurar?

Ding-dim... Ding-dim...!
Mais uma vez ela olhou pro alto. E quando abaixou os olhos, sabia o que tinha que fazer. Muitas pessoas não iam gostar, e a sua gastrite talvez atacasse de ansia. Mas ela estava certa de que o caminho era esse.
E novamente, seu sorriso foi de prazer.


* Sim, eu tomei sorvete de menta com kiwi. Há fotos que comprovam isso.

A Mirna finalmente deu o ar de sua graça no blog. Minha baunilha azeda, ou a da meu primo, hein? Adoro essas pessoas que ficam nossas amigas por causa dos nosso primos lindos... ;)

E um beijo enooooorme pro Cirillo, que me presenteou com uns vários selos, e que vai me deixar ir cobrir a guerra/paz dele no Oriente Médio, junto com sua AK-47. Ele garantiu que eu volto inteira de lá.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

And it makes me wonder...

Ainda sem um post decente. Aguentem, um dia, volta...

Só que...
Bom, quando uma pessoa diz que tu estás diferente, tu relevas. Uma é uma.
Quando duas falam, ainda é assim assim. Sou dura na queda, e minha verdade sempre é de pedra.
Quando várias pessoas começam a falar a mesma coisa, tu começas a ficar preocupada.
Mas o que eu posso fazer? As pessoas esperem que eu fale, fale e fale... Passe trinta e duas horas, quarenta e dois minutos e vinte e cinco segundos falando, comentando, opinando, espezinando (Ah, isso eu faço até de graça!), quando na verdade, só tô afim de dizer 'sim', 'não' ou 'talvez'?

Porque quantidade, nesse caso, é mais importante do que a qualidade?

Roubando um trecho de um texto que eu enviei pra um sádico aí:
'Como exprimir em letras, sílabas e acentos o que me causa a frase 'Et ça me fait quelque choise' ou então 'When she gets, there she knows'? Não dá, né. É tão baunilha. Tão limitante. (...) O problema é a palavra. É um negócio muito restritivo sabe. Tu dizes saudade e pronto!, um louco já classifica como: lembrança triste e suave de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de as tornar a ver ou a possuir. Que coisa pouca, bonita, mas pouca. Onde entra a dor? Onde entra a falta do perfume, a falta do que ainda não foi vivido, a alegria por ter acontecido? E a saudade de quem ainda é vivo, de quem ainda está do meu lado? Como fica?'

E não, não tô estranha, não tô triste, de TPM, com encosto, nada do gênero.
I'm just... speachless! Dá pra entender?


Update: Saio do trabalho pensando em cheesecake de morango, e que isso era o eu deveria ter pedido hoje. Essa é uma baita analogia, e não convém explicá-la.